O RENASCER DO POETA
eis que surge o poeta
nascido aos pés do morro
nas minas cheias de ouro
dom da palavra correta
de casa seu verbo brotou
ganhando bárbaras trilhas
malha de muitas milhas
até que um dia calou
ao chão lançou sua pena
desolada e distante heroína
silêncio que a ela condena
escatológico som da ruína
a pena subjulga a espada
limpa a carne rasgada
percute a corda esticada
e por nada ajoelha calada
em prantos se abre risada
gozando se geme de dor
contundente verso a expor
inevitável curso da estrada
eis que surge o poeta
das cinzas vem renascido
dele se ouve estampido
infinita força do nada
20 nov 2006